Uma vez, quando eu ainda estudava, me disseram que todo psicólogo atende pelo menos uma vez um psicopata, e que às vezes acaba sendo enganado por ele. Aí tivemos toda uma aula de psicopatologia, explicando e etc.
Bom, hoje foi a minha vez, A. já era atendida em outro equipamento da prefeitura, no qual o ex-marido foi lá fazer um barraquinho à lá casos de família, e por isso ela teve que ser transferida com o filho de colo para o equipamento que estou trabalhando.
Começo explicando que não, não é todo psicopata que mata, só que os que tomam fama e vão pra televisão e ganham 500 mil filmes e livros sobre o caso são eles, mas na realidade, eles são mais comuns que imaginamos, é um transtorno de personalidade no qual a pessoa não tem empatia por outras pessoas, ou seja, não consegue se por no lugar do outro, acaba também não criando vínculos com ninguém, utiliza as pessoas somente para chegar nos objetivos. Costuma então, ser egoísta e egocêntrico, manipulador e mentiroso. Pode fingir com a maior facilidade os seus sentimentos, e só deixa de fazer as coisas única e exclusivamente para evitar algum tipo de punição ou desprazer. Aposto que você já pensou em algumas pessoas.
Bom, A. chegou no equipamento num dia que eu não trabalho lá, pois sou psicóloga responsável por dois serviços da prefeitura, trabalhando alternadamente entre eles. Já sabia um pouco de sua história, pois sua família já é "problemática", mãe se prostituía e seu irmão foi morto por espancamento devido a se envolver com o tráfico. Meu horário de trabalho é das 9h as 17h, cheguei um pouco depois do horário, as 9h30, e 11h já não aguentava mais olhar pra cara dela, pensa numa pessoinha insuportável! Até escrevi na minha agenda "contra-transferência A. raiva/intolerância"; ela simplesmente suga as pessoas em volta dela, o tempo inteiro quer contar a história dela, de como é vítima de tudo, depois infere as coisas que precisa, as coisas mesmo, pois tem um apego enorme por coisas, dinheiro, prata, objetos. Sempre objetos.
Disse que estava com saudades da Assistente Social do outro serviço, fui mais a fundo na história e fiquei sabendo que esta, se apegou a A. e seu bebê, dando a ela presentes e conseguindo um carrinho de bebê; A. então, diversas vezes soltava o freio do carrinho, para que o bebê caísse, e assim culpava a assistente social porque o carrinho era "ruim". Mesmo assim, diversas vezes me pediu para entrar em contato com a assistente social, pois ela "a amava demais".
Se aproximava demais ao conversar, era invasiva, entrava com frequência sem ser chamada na sala de atendimento, fazia elogios vazios o tempo inteiro "que cabelo lindo"; "adorei sua pulseira"; "posso ver seu estojo"; antes de solicitar algo que sabia que era impróprio "posso utilizar o telefone? queria muito ligar pra minha mãe", sabendo das regras da casa e que para a própria segurança de todos os atendidos, não é possível, somente os técnicos e operadores podem utilizá-lo; inclusive dizendo depois que não sabia o telefone da mãe, pois não tinham contato. Sempre, sempre era possível verificar uma segunda intenção nas falas ou pedidos dela.
Já alertei a todos que não fiquem sozinhos com ela, que sempre estejam na presença de outra pessoa que possa servir de testemunha para o que foi feito ou dito, porque é muito possível que ela manipule informações afim de criar discórdia e formar "alianças" para conseguir o que deseja na casa.
Foi um inferno. Nunca imaginei que minha primeira vez atendendo um psicopata seria chata! haha Sempre os imaginei mais sedutores :P Quem sabe o próximo?
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