Hoje minha avó veio em casa conversar
comigo, com ela veio minha prima Samantha, uma mocinha de 13 anos.
Samantha tem cabelo encaracolado, bem
cheio e, como seu aniversário está chegando, resolveu pedir de presente um belo
tratamento para deixar os cabelos lisos.
- Samantha, ficou ótimo! Parabéns, nem
parecia que estava tão comprido. – disse a minha mãe, elogiando o penteado da
garota.
- É, e você sabe Lorraine, nem foi uma
mulher que fez. – Disse a minha avó. Que é uma senhora atarracada, com cabelos
curtos cortados em forma de cuia, lisos e castanho escuros, de pele oliva,
parece uma índia. Não que ela admita tão antecedência familiar.
- Ah, é, foram homens? Muito
talentosos. – Respondi.
- É dois gays. – Disse a minha mãe.
- Pra que dizer que são gays? Você não
diz que tem um hétero ali trabalhando. – Afirmei, gesticulando e apontando para
meu pai, que estava sentado no canto da sala trabalhando em seu notebook.
- É, eu digo que tem um homem
trabalhando. Gays não são homens. – Explicou.
Minha irmã, que estava no sofá, e não
costuma discutir esse tipo de assunto, pareceu surpresa com o comentário e
disse:
- Como não? Claro que são homens.
- Não são, não. – Disse novamente a
minha mãe.
- São sim. Gênero é uma coisa,
orientação sexual é outra. Eles são gays, mas continuam sendo homens. –
Expliquei.
- É, tanto faz. – Concluiu minha mãe.
Deu de ombros e saiu andando pelo corredor.
Pois é, e qual o próximo passo? Dizer
que gays não são gente?
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