Meu nome é Lorraine eu tenho 27 anos e eu sou pós graduada em neuropsicologia e tenho uma filha de 8 anos.
Tive uma vida normal, estudei, fiz faculdade, me formei e comecei a trabalhar. Nesse meio termo tive uma filhinha linda, mas sou mãe solteira.
Sempre achei que esse era o plano: estudar, me formar, trabalhar, casar e sair de casa.
Aí como eu sempre me achei muito inteligente, prestei muitos concursos, até que fui chamada em um pra minha área, psicóloga na prefeitura, num CRAS. OK.
Eu sei que eu reclamo pra caramba da prefeitura, mas pra falar a verdade, foi aí que minha vida começou a mudar, que eu comecei a enxergar as coisas de uma forma diferente.
Eu sempre fui super a favor do "se esforce que você consegue", mas não é bem assim.
Por exemplo: Fiz coisa errada? Fiz. Fui mãe adolescente? Fui. Mas tenho primas que também foram, e eu to aqui, com quarto com suíte, ar condicionado, digitando no notebook que o papai pagou pra mim. Eu fiz por merecer? Enquanto isso, minha prima com a mesma idade que eu tá lá na favela no maior perrengue pensando se amanhã vai ter comida pra fazer de almoço...
Eu entendo que meu pai veio da favela, que se esforçou pra conseguir o que tem. Mas também sei que foi difícil pra caramba, que ele é exceção, e que se alguém tivesse ajudado ele no começo, talvez ele chegasse mais longe do que já foi.
Admiro meu pai, admiro minha mãe. Sou grata por ter genes bons, família boa. Mas não me acho merecedora do que tenho, não me acho melhor do que ninguém que veio de família que não teve a mesma sorte de ter pais fodas que nem eu.
E foi isso que mudou, é isso que eu enxergo e queria que outros enxergassem :s
Nenhum comentário:
Postar um comentário