- Por que a gente é assim? -
- Não sei, por que a gente é assim? - Disse ela sem fazer contato visual. Ela odeia contato visual. Olhava pra cima, pras estrelas, pro cruzeiro do sul, lembrava que outro dia ela estava procurando e não achou, mas agora ele estava ali na cara dela.
- A gente vai melhorar, né?
- Vai. Não sei.
Já foram duas garrafinhas de 700 mL de vinho que ele levou e o sakê que estava na geladeira dela. As confissões rolavam soltas, sem julgamento.
- Tô lembrando daquela vez, foi tão fofo, eu pedi que ele segurasse minha mão, e ele segurou, quando eu acordei, nossos dedos estavam entrelaçados ainda.
- Quer que eu segure sua mão? - disse ela naquele tom debochado.
Ele estendeu a mão, ela também.
- Não é a mesma coisa. - disse ele.
- É claro que não.
- Mas sua mão é quente. - Continuou, e fez carinho na mão dela.
- Eu sei, a sua também. Você sabe que somos iguais.
- O que a gente faz da nossa vida?
- Eu não sei. - Disse ela ainda olhando pro cruzeiro do sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário